sexta-feira, 17 de abril de 2015



EU SOU FILHA  DAS ÁGUAS 









Abre a roda,  que eu quero entrar

... Lembro, dos beliscões discretamente torcidos pela minha mãe na tentativa de Cesar meus floxos  de riso durante as monótonas e  prolongadas missas.   
Lembro, da  mão protetora e segura do meu tio Osvaldo, raspando os calos nas minhas mãos ainda tão pequenas ,quando  era levava  a  seções espíritas.  Sem me dispersar com  cantorias e senta levanta, sentia  a  presença  serena  e silenciosa de Allan Kardec , iluminando  irmãos, doutrinando espíritos...  

Mas nada se compara  com a emoção de ter  escutado  o chamado de Jurema,  congresso de  umbanda em cachoeirinha,  entrei  na roda,  senti  que nunca estive fora dela.  
Um pai de santo beijou minha mão e eu o vejo em todos os outros negros. Atabaques, tambores,  o ritmo mais brasileiro, batendo forte em meu peito.  Povo sofrido que canta, dança, tem fé. 
Falei pra minha mãe,  assídua  da Igreja São José Operário que eu queria entrar para a umbanda da linha branca. 
Ela não se surpreendeu, disse que  na madrugada  que eu nasci ela sonhou com uma  cachoeira saindo de dentro dela,  me segurando  nas águas, mas eu flutuava  na correnteza.  Entendi por ela ,tão rígida, nunca me repreendia quando eu ainda muito criança, fugia de casa para tomar banho de sanga. 
 Pai ateu , mãe e irmãs   católicas fervorosas, Marido Budista, filha Kardecista...  
                                     
                              Alguém tem que rodar a baiana nesta família.




                     Meu amigo da escada, tua madrinha esta ouvindo o chamado de Jurema.  













                        
                     Em cachoeirinha, 15 de novembro de 2014, dia nacional                 da    umbanda. 


                                               
















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