terça-feira, 2 de dezembro de 2014




Alinhavando pensamentos 




  ... E falando um pouquinho da difícil  arte do patchwork
       
Meu  presente de natal,   retalhinhos de mim para todos.





Projeto Conhecendo Gravataí através das Lendas


Amores, esta  é a ultima postagem do ano, e sei que vocês ainda não conhecem meu trabalho. Mas espero que um dia esta cena seja realidade: ser espiada por olhinhos  inocentes e  curiosos,  brilhando feito  vaga-lumes. Estou abrindo caminhos para chegar até vocês, através das minhas histórias , alinhavando  sonhos , costurados com esperança e carinho no coração de cada um. Desejo que sejam  para mim e para o mundo,  pedacinhos especiais, alegres e coloridos, fazendo  parte desta grande  colcha de retalhos que vocês  continuarão sempre  completando, substituindo  ou unindo  novas partes. E como um patchwork da vida, serão  retalhos individuais, agrupados  lado a lado, acomodados em diferentes cores e tecidos, compondo dinâmicas imagens. Algumas figuras  harmoniosas, permanecerão unidas, outras, provisórias,   serão substituídas no decorrer do tempo que transcende o imutável. Formas incompletas,  estarão integradas as demais, destoando do conjunto,  tocando com    nostalgia quem lembrar do vestido marcado em momento especial, do qual  uma parte de tecido se desmembrou. Este trabalho de unir, remendar e substituir pedacinhos, é como a arte da vida: Depende da habilidade de cada um, e a cada novo dia  será feito mais uma parte. Podendo sofrer danos, ser rasgada,  manchada...  A tarefa ponto a ponto, as vezes sera exaustiva. Agulhas quebradas, dedos machucados, fios de linha arrebentados, pelo próprio descuido ou maldade alheia.   Eternos recomeços ! Mas a cada ponto alinhavado, teremos mais destreza e segurança. Se não estivermos sozinhas, o trabalho será  mais leve, tornando-se   agradável  e prazeroso. E  sendo grande o bastante, a colcha agasalhará a todos, nem um inverno sera tão frio e nas tardes quentes  de verão,  ela   poderá ser usada como uma enorme  tenda cigana.  
Utilizar retalhos, emendando pedacinhos, é uma atividade milenarmente conhecida. Em diferentes épocas, terá  sempre  alguém  praticando esta arte.








O movimento hippie  entrou na minha vida pela tela da TV, quando eu era ainda criança.  As noticias da guerra no Vietnã, mortes, bomba atômica  mescladas com movimentos pacifistas, ideais de  liberdade, igualdade..,  propagadas em  lindas canções, me faziam pensar que nada daquilo fosse  real. Eu não conseguia acreditar que de um lado, pessoas se matavam,  outras, viviam um encantado sonho coletivo.  Eu queria saber se eles existiam de verdade. Minha irmã mais velha me xingava, dizia que eu era  burra.   Nos anos 70, com treze anos  fui numa feira de artesanato, conheci um pedacinho de um universo mágico, com   todas as portas abertas. Fiquei a tarde inteira conversando. Desejei  fazer parte daquele mundo paz e amor. Perguntei se  eu podia entrar. Me responderam que meu sorriso era a minha senha.
Neste  natal e enquanto durar a humanidade, espero que todos os  desejos bons se realizem,  os sonhos de paz , amor fraternal,  se transformem num  sonho  coletivo e que ele nunca acabe.










Nesta máquina de costura, nunca alinhavei pensamentos,  lembro de uma mais antiga. Ouvia o barulho dos pedais rangendo, enquanto uma  irmãzinha pedalava e outra contava belas histórias .

Este é  parte do meu universo, vinde a mim oh criancinhas!

Denize  Domingos