A Despedida da Brisa do Vale
Deixarei que te libertes das paginas do livro, abrindo a janela, indulgente, te verei partir, encorajando teu voo. Ainda assim, esse difícil e altivo gesto, poderá gerar traiçoeiros protestos, daqueles que sentem-se ameaçados, evitando escutar teus suaves sussurros. Sei o quanto as muralhas do vale te represaram, oprimem... e o rigor do inverno castiga tua indefinida forma, tentando molda-la, apresando assim, teus leves passos em direção ao infinito. Desejo-te serenidade e sabedoria ao reencontrares em teu caminho, aqueles que não decifraram tuas mensagens, dizendo-lhes não tratar-se de enigmas, mas apenas teus sonhos, derramados como perolas na areia. Agradeça a cada pessoa que foi gentil contigo, e aprenda com aquelas que te fizeram algum mal, pois estas, te tornaram mais forte. Retorne ao deserto como quem renasce do ventre materno, sabendo não ter sido um milagre gerado do barro , mas da inconstância das tempestades, lançando ao universo infinitos grãos de areia. Esta surreal simbiose, emocionada despedida, rompe o elo entre criador e criatura, liberta a autora, encerrando um longo ciclo, possibilitando reinventar-se criando sempre novas histórias.
Denize Domingos