terça-feira, 21 de abril de 2015



LENDAS  DE GRAVATAÍ 



Denize Domingos 

 Conhecendo Gravataí através  da ficção

este trabalho conta com o apoio da fundação de arte e cultura e prefeitura de Gravataí 




                        Resumo das lendas   com   textos adaptados para o curta metragem: A BRISA do Vale.    


O morro Itacolomi


Imponente e majestoso, o Morro Itacolomi  descende do romance encantado , entre  o formoso vale dos gravatas e a mais verdejante campina.  Apadrinhados pelo horizonte,  o casal  foi presenteado com  o mágico grão de areia, pertencente a primeira imigrante do vale dos gravatas.
Este  mágico  cristal , deu origem a uma rocha encantada, onde tupã,  numa noite estrelada esculpiu o seu filho.
Inspirado pelo livre espírito da Brisa do vale, o deus dos índios acariciou as extremidades da pedra que aos poucos revelava o corpo de uma criança. O curumim foi concebido para semear harmonia e proteger o grande vale.
Mas seu povo indígena ameaçado, fugiu deixando o indiozinho preso na roxa. 

Pensando ter sido abandonado, ele chora entristecido.  Mas a alma da cigana que deu origem ao seu embrião, esteve sempre junto dele, nutrindo-se com as doces  lagrimas do curumim, e sussurrando lindas histórias ao seu ouvido. 







A Lenda do Menino de Pedra



Esquecido por seu povo, o filho de tupã derramava lagrimas de mel  fertilizando  a terra dos gravatas e adoçando  o coração das pessoas.  Eram guardadas  como relíquia em uma mística fonte.     
As pessoas  que nela bebem, são tocadas com grande ternura e compaixão.
As águas do vale tornaram-se as mais doces de todo o planeta azul.       Atraíram a seria iara mãe d’água que se escondem  em  numa mística cachoeira protegida por longa e prateada cortina.
 As lagrimas do menino de pedra adoçaram o magoado coração de Yara . Ela atraiu muitos homens para a morte com seu mágico canto mas ao lado do curumim só lembrava as canções de acalanto, para embalar o sono do menino.
O tempo passou,   ele tornou-se homem e conquistou o coração da sereia  Yara. Ela arrebatou-se de paixão  pelo filho de tupã.  juntos viveram um lindo sonho, mas cada um seguiu seu destino, que já estava traçado.
 O curumim tornou-se o maior guardião do vale e Yara  protege todas as águas doces do planeta. Ela é reverenciada e  recebe oferendas e mimos de seus irmãos de alma. A fé os veste de branco e a coragem da índia guerreira inspira cantos para os orixás das matas. 


A Lenda dois cachorrinhos de pedra




Depois que tupã esculpiu o seu filho na rocha ,criou outro lindo monumento simbolizando  o amor e lealdade.
Contam que uma linda menina,  a filha do so,l irradiava alegria e tinha os cabelos dourados como os campos de margarida .
Um dia,  ela fugiu de sua aldeia para brincar com o amiguinho  e se perderam.  
O indiozinho quis alegre-la e escalou a rocha dos dois Cachorrinhos para colher uma flor, e enfeitar os cabelos da menina.  Mas despencou la do alto,  e caiu morto aos seus pés segurando a despetalada flor.
Ingênua ,a menina esperava que o indiozinho despertasse e permaneceu eternamente ao lado dele.
Os espíritos das inocentes crianças correm de mãos dadas pelos campos.
Os amigos que escalam juntos a rocha do morro  Itacolomy, tornam-se inseparáveis. Quando alguém se perde no morro escutam o riso das crianças, que indicam o caminho de volta. 

      A Serpente  da fonte do forno


No coração da Aldeia dos Anjos,  pulsa a incessante vertente, onde  cobra boi tatá foi vista como uma grande bola de fogo, tentando assustar o menino de pedra.Inocente, o curumim  apiedou-se da horrorosa  criatura.Traiçoeira, ela pediu ao indiozinho que a transformasse em uma linda princesa das trevas, disse  estar   arrependia por ser tão malvada,  prometeu   reascender o fogo de antigas paixões, adormecidas em peitos apagados. 
 O indiozinho pediu ajuda a tupã, para transformar a  serpente, numa  linda moura encantada, que  seria   a teiniagua  do rincão dos   gravatás.
O curumim tentou fazer um feitiço, derramando  lagrimas de mel sobre a cabeça incandescente da cobra. Mas as chamas aqueceram  o gélido minuano, que enciumado, arrancou  as escamas da cobra transformando-a em uma linda princesa das trevas. 


O breu da noite, teceu com longos fios de ceda  as brilhantes melenas da moura caindo sobre os delicados ombros.  Uma sombra maligna, cobriu  o  sinuoso corpo da  criatura,   vestindo-a de  negra e transparente mortalha.
O perfeito rosto da jovem, tem cravejada na testa uma preciosa pedra, reluzindo em toda a furna.
A  princesa ,  atrai com seus lindos olhos ardentes e dissimulados,  incendiando   paixões com   dois candeeiros de fogo,  iluminando as chamas do inferno.

Inesperadamente, surgem brumas acinzentando frias tardes, em que  traiçoeiramente, a  moura enfeitiçada  arrasta para as profundezas da terra,  aqueles que  se ariscam a entrarem sozinhos na furna da fonte do forno.  



      A lenda do Anjo da Fonte




Certa vez,  houve uma prolongada estiagem na aldeia.Em 1862, a vertente de água natural  que guarda as  lagrimas do filho de tupã, foi cercada e coberta com uma abóboda em formato de forno, para proteger  o  local e abastecer  a cidade com água potável. Desde então ...
Todas as tardes, na hora do por do sol, um anjo vem saciar sua cede, bebendo destas águas .
Isso acontece diariamente, na hora da ave Maria, quando escuta-se acordes de flauta  sintonizado as   badaladas do sino da matriz.
A encantadora toada faz adormecer todas as crianças. Marotos querubins desprendem-se  da barra do manto de nossa senhora, indo  brincar com o anjo.
Aqueles que bebem as águas da fonte do forno, não conseguem abandonar a cidade. Quando se afastam, retornam sempre aquerencia, trazendo no peito muita saudade. Casais apaixonados que se espelharem nestas águas, mesmo que se separem, verão para sempre refletindo no espelho destas águas, o rosto da pessoa amada.






  As  lendas completas  e outros contos  encontram-se   nos livros: A lenda do Menino de Pedra e Mistérios no Rincão dos Gravatás 

Contatos  através do email   domingosdenize@bol.com.br 
 Denize Domingos 


sexta-feira, 17 de abril de 2015



EU SOU FILHA  DAS ÁGUAS 









Abre a roda,  que eu quero entrar

... Lembro, dos beliscões discretamente torcidos pela minha mãe na tentativa de Cesar meus floxos  de riso durante as monótonas e  prolongadas missas.   
Lembro, da  mão protetora e segura do meu tio Osvaldo, raspando os calos nas minhas mãos ainda tão pequenas ,quando  era levava  a  seções espíritas.  Sem me dispersar com  cantorias e senta levanta, sentia  a  presença  serena  e silenciosa de Allan Kardec , iluminando  irmãos, doutrinando espíritos...  

Mas nada se compara  com a emoção de ter  escutado  o chamado de Jurema,  congresso de  umbanda em cachoeirinha,  entrei  na roda,  senti  que nunca estive fora dela.  
Um pai de santo beijou minha mão e eu o vejo em todos os outros negros. Atabaques, tambores,  o ritmo mais brasileiro, batendo forte em meu peito.  Povo sofrido que canta, dança, tem fé. 
Falei pra minha mãe,  assídua  da Igreja São José Operário que eu queria entrar para a umbanda da linha branca. 
Ela não se surpreendeu, disse que  na madrugada  que eu nasci ela sonhou com uma  cachoeira saindo de dentro dela,  me segurando  nas águas, mas eu flutuava  na correnteza.  Entendi por ela ,tão rígida, nunca me repreendia quando eu ainda muito criança, fugia de casa para tomar banho de sanga. 
 Pai ateu , mãe e irmãs   católicas fervorosas, Marido Budista, filha Kardecista...  
                                     
                              Alguém tem que rodar a baiana nesta família.




                     Meu amigo da escada, tua madrinha esta ouvindo o chamado de Jurema.  













                        
                     Em cachoeirinha, 15 de novembro de 2014, dia nacional                 da    umbanda. 


                                               
















domingo, 5 de abril de 2015


ALINHAVANDO VOOS  



 
Delicadas gotas de chuva, rompiam o  silencio do lugar,  traduzindo gestos em  palavras. 

Mulher surgida das brumas, enebriastes meus olhos, percebendo-te miragem, dançando alegremente, acendendo meu ser. Tal lagarta em seu casulo, vês o mundo de cabeça para baixo. Então saibas:  É preciso voar! 
Mulher de orvalho: - ha quantas madrugadas teu hálito embaçou indiferente vidraça sem teus lábios provar? 
Lagarta encantada, haverá outras noites em claro. Serei teus segredos, e deslizando em mim teu corpo frio, ressuscitarei sonhos aquecendo  tuas asas, e cuspirás  salamandras de fogo. 





... E naquele alvorecer ,.. o sol   desfez  o austero  manto de geada que encobria  a mata , descongelando todos os seres. 

Denize Domingos