Contos alusivos a historias que pairam nos pagos do Rio Grande do Sul
Manhã do mês de agosto, 2017! Calor humano, manhã fria!
Nas ruínas da igreja de São Miguel das Missões,
penetrava em mim o calor do sol morno, aquecia tanto
quanto o pala que me cobria.
E derramava-se sobre os pampas do sul, o veneno da
ganancia do homem branco. Pairava ainda
no ar, o hálito dos soldados portugueses e espanhóis, assombrando tekohas Guaranis; Parte, fração, pedaço do rincão, pra sempre meu Rio Grande.
A brisa acariciava tudo o qual através dela se expressava. Trouxe de volta o som de vozes
do passado. Ecoava nas campinas em torno do que restou dos tempos dos jesuítas, o som das badaladas do
sino da igreja em reúnas, qual ainda se
escuta do metal a melodia. A brisa trazia também o eco da voz de Sepé Tiarajú, . em palavras aguerridas gritou assim:
-Esta terra aqui tem dono!
Deitava-se obre
o solo antes, dos Charruas , tupis e guaranis, a branca geada fria, sepultando heróis donos da terra.
O índio herói de guerra, conduziu à morte, o corajoso exercito de
índios mansos.
Nascera entre as ruínas das missões, uma rosa
vermelho kaiowá. Os espinhos feriram suas pétalas. Ela não estava só. Um anjo veio restaurar a flor.
Ao som do silencio profundo, Rosa escutou um chamado!
Foi o primeiro encontro entre elas; Rosa, a cigana missionária
e a indiazinha com olhos d’água.
Rosa mística, assim ficou conhecida por pessoas que cruzaram seu caminho e permitiam que ela lesse suas mãos.
Algumas reconheciam-se irmãs de outras vidas, outras, eram carmas. Ao estar diante da
menina de olhos brilhantes, Rosa mergulhou num lago de águas profundas e cristalinas; ou
seria a alma da pequena Guarani?
As duas esferas brilhantes se destacavam no rosto moreno da indiazinha. Olhos de
cristal, fazendo-a imagem e semelhança do grande criador do universo. E sem que ela pronunciasse qualquer palavra ou canto, na
intenção de lamento ou desejo de criar mundos, como fora feito por seu criador, a descendente do Deus
Yamandú , simplesmente sorria, guardando em si,
o pranto do seu povo. Trazia vivos
dentro dela, os mortos da guerra guaranítica. Manchando os pampas do sul, o sangue derramado
por mais de vinte mil índios guaranis da
região dos sete povos das missões, é a seiva que corre nas veias da indiazinha, que mantem viva a historia. Em São Miguel das Missões, diante da cruz , muitos indígenas
ali tombaram! Outros, foram levados por colonizadores a povoar novas aldeias.
Mas aquela indiazinha permanece ali, como sempre esteve, cuidando do seu povo.
O doce sorriso da menina, foi navalha ferindo
a alma daquela que diante dela, percebendo a tristeza da criança, também, docemente lhe retribuía o sorriso. Dançar, sorrir, cantar pra alegrar a terra. Sagrada herança dos
filhos de Yamandú, do caos, conseguem criar
mundos.