Alinhavando Pensamentos
Outono em Verso
Denize Domingos
Alinhavo pensamentos, sem ferir-me com agulhas, remendando e unindo puídos retalhos, ponto a ponto...sem dar nenhum nó na ponta do fio. Necessito inventar uma nova história, e tenho uma pilha de livros que comprei e ainda não li. Sei que neles, não esta escrito o final que me interessa, e o que eu quero... é sentir-me leve como uma página, desmembrada de um livro que a mantem ligada por afloxados laços. ...E se a brisa soprar forte, com um pouco mais de sorte, eu voo mais alto que as nuvens. Construirei um ninho pendurado numa estrela, ou vou morar num novo mundo, que ainda hei de inventar, sem canetas nem agulhas.
Linha do Horizonte
Outono em verso
Apresentação
Quarta publicação da autora, a obra literária: Outono em Verso , mostra uma seleção
de poesias, pensamentos, minicontos e cartas,
expressas em linguagem simples,porém , bastante
subjetiva e emotiva.
O livro tem como objetivo sensibilizar os leitores e cativar
o público infantojuvenil. Lembranças de infância
e cartas do século XIX, remetem ao passado, proporcionando uma atmosfera
nostálgica, dando a impressão de que a autora
revela-se e desnuda-se a cada parágrafo.
Esta é a forma marcante como a artista trabalha. Tanto nas artes visuais ou como
escritora, ela explora o seu próprio universo. Utilizando imagens e palavras,
compõe cenários, constrói personagens, estabelecendo uma simbiose entre as
diferentes linguagens. Segundo a
artista, cada palavra desperta uma sensação, sentido... Dar forma a ideias ,
é como alinhavar pensamentos, usando um fio desfiado de um novelo que forma nós
e maçarocas durante a execução de cada ponto. Uma pontiaguda agulha fere o tecido, ela
diria: A pele! Os pontos são sentimentos, palavras que unem retalhos de
lembranças, recortadas das experiências vividas ou supostas, ou sonhadas...
Mas, se tratando de Denize Domingos, ela vivencia na pele, cada linha e traço.
Martha Luci Sozo
Educadora, professora universitária e palestrante. Doutorada pela
PUCRS , pesquisadora em Educação e espiritualidade.
Email: "marthalici@terra.com.br"A Cigana e o Alazão
Era uma noite de céu pontilhado, vaga lumes e estrelas
abrilhantavam o lugar, competindo com o lume das lamparinas do distante e pacato vilarejo de santa
tecla. Aquele era caminho dos carreteiros e viajantes que acampavam naqueles pagos. Perdida naquelas bandas, uma corajosa cigana, conduzia
uma velha carroça tentando manter-la na lamacenta trilha cercada por matagal. Parecia
ter dificuldade em dominar o animal que teimava em sair do estreito caminho. Quando um cavalo anda sem arreio não
se sabe onde vai parar. Ainda pra piorar a noite que estava estrelada,num
repente, começou a trovejar. Assustou-se o bicho arisco que corria em disparada
sem freio nem direção. A carroça saia da estrada e andava por cima do brejo, espantando sapos que saltavam no caminho.
Sem domínio das
rédeas, a cigana perdeu o controle da carroça sendo levada pelo cavalo arisco adentrando na mata. A jovem senhora era conhecida na vila como uma grande
feiticeira. Mas ela não encontrou jeito nem maneira de usar seus feitiços pra
fazer o pangaré parar de correr assustado. A cigana, corajosa e valente, usou
a força da mente para fazer o animal obedecer. O bicho relinchou contrariado,
soltando bafo das ventas, ergueu as duas patas e ficou todo assustado, deixando
a dona intrigada, sem ter muito o que fazer. De repente, a neblina foi tomando conta do lugar, não dava pra enxergar um palmo adiante do nariz. Já era quase madrugada quando.... A cigana podre de caçada, não quis saber de mais nada,fez uma fogueira, aninhou-se encima de um pelego e dormiu bem quentinha,enrolada como um novelo, de tão pequeno que era o remendado cobertor. Quando ela despertar, se despertar, vai contar o final da história.
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