quinta-feira, 28 de agosto de 2014



Alinhavando Pensamentos 


Outono em Verso  



Denize Domingos 


Alinhavo  pensamentos, sem ferir-me  com  agulhas,  remendando e unindo  puídos retalhos, ponto a ponto...sem   dar  nenhum  nó na ponta do fio. Necessito  inventar uma nova  história, e tenho  uma pilha de livros que comprei e ainda não li. Sei que  neles, não esta escrito o final que me interessa, e o que  eu quero... é   sentir-me leve como   uma página,  desmembrada de um livro que a mantem  ligada  por  afloxados   laços. ...E se a brisa soprar forte,  com um pouco mais de sorte,  eu voo mais alto que as nuvens. Construirei   um ninho pendurado numa estrela,  ou  vou morar  num novo  mundo, que ainda hei de  inventar, sem  canetas nem agulhas.



             Imagens de algum site 




                                                           Linha do Horizonte

                                                             
                       Outono em verso 
Apresentação

Quarta publicação da autora, a obra literária:  Outono em Verso , mostra uma seleção de poesias, pensamentos, minicontos e cartas, expressas em linguagem simples,porém , bastante subjetiva e emotiva.
O livro tem como objetivo sensibilizar os leitores e cativar o público infantojuvenil. Lembranças de infância e cartas do século XIX, remetem ao passado, proporcionando uma atmosfera nostálgica, dando a impressão de que a autora  revela-se  e desnuda-se a cada parágrafo. Esta é a forma marcante como a artista trabalha. Tanto nas artes visuais ou como escritora, ela explora o seu próprio universo. Utilizando imagens e palavras, compõe cenários, constrói personagens, estabelecendo uma simbiose entre as diferentes linguagens.  Segundo a artista, cada palavra desperta uma sensação, sentido...  Dar forma a ideias , é como alinhavar pensamentos, usando um fio desfiado de um novelo que forma nós e maçarocas durante a execução de cada ponto.  Uma pontiaguda agulha fere o tecido, ela diria: A pele! Os pontos são sentimentos, palavras que unem retalhos de lembranças, recortadas das experiências vividas ou supostas, ou sonhadas... Mas, se tratando de Denize Domingos, ela vivencia na pele, cada linha e traço.

Martha Luci Sozo
Educadora, professora universitária e palestrante. Doutorada pela PUCRS , pesquisadora em Educação e espiritualidade.
Email: "marthalici@terra.com.br"


A  Cigana  e  o  Alazão 

Era uma noite de céu pontilhado, vaga lumes e estrelas abrilhantavam  o lugar,    competindo  com o lume das lamparinas  do distante e pacato vilarejo de santa tecla. Aquele era caminho dos carreteiros e viajantes que acampavam naqueles pagos. Perdida naquelas bandas, uma corajosa cigana, conduzia uma velha carroça tentando manter-la na lamacenta trilha cercada por matagal. Parecia ter dificuldade em dominar  o animal que teimava em sair do estreito caminho. Quando um cavalo anda sem arreio não se sabe onde vai parar. Ainda pra piorar a noite que estava estrelada,num repente, começou a trovejar. Assustou-se o bicho arisco que corria em disparada sem freio nem direção. A carroça saia da estrada e andava por cima do brejo, espantando sapos que saltavam no caminho.
Sem  domínio  das rédeas, a cigana perdeu o controle da carroça  sendo  levada pelo cavalo arisco adentrando na mata.  A  jovem senhora era conhecida na vila como uma grande feiticeira. Mas ela não encontrou jeito nem maneira de usar seus feitiços pra fazer o pangaré parar de correr assustado. A cigana, corajosa e valente, usou a força da mente para fazer o animal obedecer. O bicho relinchou contrariado, soltando bafo das ventas, ergueu as duas patas e ficou todo assustado, deixando a dona intrigada, sem ter muito o que fazer. De repente, a neblina foi tomando  conta do lugar, não dava pra enxergar um palmo adiante do nariz. Já  era quase madrugada quando....  
         


      
A cigana podre de caçada, não quis saber de  mais nada,fez uma fogueira, aninhou-se encima de um pelego e dormiu bem quentinha,enrolada como um novelo, de tão pequeno que era o remendado cobertor.   Quando ela despertar, se despertar, vai contar o final da história. 














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