Alinhavando Pensamentos
Um espaço de Arte e Poesia
Orvalhadas da Noite
Naquelas
infinitas noites, ouvia-se um discreto
murmúrio, entoado nos longos corredores
alinhados por envelhecidos plátanos. O lamento das tristes folhas, que choravam
baixinho, enquanto pairavam abandonadas ao vento, transformavam a bucólica cena
em poesia.
Era
mais um rigoroso inverno chegando inevitavelmente, trazendo com ele seu austero
exército montado em velozes navalhas, como se fossem inocentes pingos de chuva. Disfarçados em brancos flocos de
gelo, insolentes soldados debruçam-se sobre a inerte planície, camuflando-a com
um imenso e imaculado véu de noiva. Trêmula e
desnuda, ela cobre-se com as longas orvalhadas da noite. Em
sonhos, percebe os raios de sol despontarem
no horizonte, aquecendo o seu
corpo. Espera que a primavera a
desperte, restituindo todo o seu brilho.
Denize DomingosImagem tirada de algum blog
Viagem / Marisa Gata Mansa
A Fábula da Andorinha
Uma
andorinha aproximou-se de um homem que andava solitário na praça, comendo
pipocas, deixando cair um rastro delas no caminho. A ave, amedrontada, o
seguia, mas quando se aproximava, ele a espantava atirando nela uma pedra.
Rejeitada, ela partia, deixando ficar um resto de nostalgia e saudade. Assim,
novamente ele a atraia, jogando ao vento os mais brancos e tenros flocos de
milho, vestidos como flores de algodão. Vacilante, ela retornava, mas ele
sempre a espantava. Então, a ave desistiu de segui-lo. Depois de muito tempo, a andorinha encontrou-o novamente, ando triste, olhando para o chão, sem ter nas mãos migalha
alguma. A andorinha ficou em dúvida se
ele a reconheceria. Olhando-o nos olhos, viu que o homem se alegrou em revê-la.
Ele disse-lhe que sentiu sua falta e desejava muito encontrá-la. Comovida, a andorinha
perguntou por que ele a espantava sempre que ela tentava se aproximar. O homem, surpreso e ofendido, respondeu: eu
sempre tentei ajudá-la, queria que me acompanhasse, por isso a alimentava com as pipocas que fingia
ter jogado no chão. Gostava de vê-la voar, por isso jogava as pedras.
Denize Domingos

imagem tirada de algum blog
Rosa Branca
Marisa Fado
Imagem da internet de algum blog
AGONIA
Sorri,
para disfarçar a agonia.
Não desisti
de tentar outra vez.
Juntei os cacos
Saí com elegância,
sem sentir
as próprias pernas .
O vento trouxe novas quimeras
derramaram-se gotas
fertilizando sonhos.
A chuva
molhou minha roupa,
meus cabelos.
Meus pés cansados
dançaram em espelhos d’água.
Um profundo suspiro
apaziguou minha alma.
No ar pairou um cheiro de alfazema,
tornando inesquecível
uma simples tarde que contava perdida.
DD
DD
Alfazema
Carlos Walter
A Internauta
As estrelas a acompanham, cabecinha leve, com
o corpo pesado, carregado de desejos e esperança. Cansada de ver tantas agruras, ela repousa no
aconchego das nuvens. Lá do alto, olha para baixo e sente vertigens. Vê um
mundo violento e triste. Distante, escuta uma voz doce e também enérgica,
enxerga uma janela aberta e alguém abrindo os braços, convidando-a para
entrar.
Imagem da internet
LINDO BALÃO AZUL - Guilherme Arantes
Manchas criativas
Luiza era uma criança muito criativa. Qualquer imagem casualmente formada por
descuidados pingos de tinta, manchas de molho de tomate colorindo a roupa, mofo
provocado pela umidade, dando um toque nostálgico as paredes, aguçavam a
imaginação daquela menina. Luiza acreditava que as imagens eram criadas por
fadas, ilustrações das personagens de histórias que
ela adorava inventar.
Tímida, não queria que rissem dela, tinha vergonha
de perguntar sobre suas duvidas.
E o mundo era incompreensível para ela.
Seu pai não tinha carro, mas certo dia ela teve a
chance de andar na carroceria da caminhonete do namorado da sua tia. Eles a
convidaram para ir até a esquina. Entusiasmada, com um sorriso radiante,
convidou as duas irmãs e uma prima para a grande aventura. As crianças,
olharam-na com deboche, e preferiram ficar jogando bola. A pequena Luiza se
decepcionou um pouco, mas nada abalou sua euforia. O carro estava em baixa velocidade, mas a
menina vivenciava a grande emoção de sentir a perfumada brisa da primavera
emaranhando seus cabelos. Imaginava os brinquedos e balanços em uma grande
praça ou jardim, carroças de pipocas, algodão doce e outras guloseimas sendo
distribuídas às crianças. De
súbito, o solavanco do automóvel fez Luiza assustar-se. Pensou que tivesse
feito algo errado, ou estragado alguma coisa. Sua tia sai do carro para
ajudá-la a descer. Sem entender nada, e sem coragem de perguntar, ela voltou
para casa andando de cabeça baixa, vendo se formarem tristes imagens nos
paralelepípedos, ilustrando com lagrimas a sua decepção. Quando chegou em casa,
suas irmãs e a prima riram muito dela. O seu tio Osvaldo, pegando-a pela mão,
levou-a até um gramado. Procurou durante um tempo alguma coisa na terra,
deixando a menina ansiosa, imaginando que ele havia enterrado ali algum
tesouro, ou uma entrada para um parque, circo... Com uma folha de abacateiro,
ele pegou uma pequena centopéia. Mostrou-a detalhadamente à pequena Luiza, que
pensava que a estranha minhoca criaria asas e se transformaria numa linda e
colorida borboleta. Mas ela transformou-se num lindo exemplo, que Luíza nunca
esqueceu. O tio colocou o bicho aos pés da menina, que, atenta, aproximou-se
para vê-la transformar-se em fada, borboleta, ou quem sabe, talvez num anjo.
Então, seu tio, que era para ela, um pescador disfarçado de anjo, espichou a
criatura cheia de pernas, explicando que o corpo da centopéia era uma rua, as
pernas são as esquinas, e o veneno é a maldade, que fica escondida dentro das
pessoas.
Denize Domingos
Imagem da internet ( algum blog)
Raul Seixas
Maluco Beleza
Segredos da Lua
Releitura do poema de García Lorca:
Romance de La Luna
Não é o menino que olha para a lua
É a lua que olha para ele
Enquanto o negro véu da noite
Cobre os olhos do menino.
Lua
No céu abre seus braços
Quer abraçar o menino
Que tem os olhos fechados.
Menino
Abre teus olhos
Veja como baila a cigana
Rodando pelos ares a sua saia.
Quer voar alto...
Levando consigo os ciganos.
E o menino fecha os olhos
Enquanto a cigana está dançando.
A noite se ilumina
Com o clarão da fogueira.
No céu...
A lua abre os braços,
No ar o
vento leva,
Na terra,
O vento vela,
E na roda...
O menino a está
mirando.
DD
Desenho em grafite /DD
Povo Cigano do Oriente
Baila Cigana
Gira mundo,
gira a terra,
gira a cigana
no centro da roda,
enredando redemoinhos,
tropeçando em sua saia.
Desfaz-se no ar os
babados,
um lindo bordado a lua teceu,
Fazendo com retalhos
asas de águia.
E a cigana,
do seu povo,
nunca mais se perdeu.
Voou livre entre as nuvens.
O horizonte ...
Finalmente alcançou.
Tão próxima do fogo,
queimaram suas asas.
Em raio de sol se
transformou.
Longe das improvisadas tendas,
entre paredes de tijolos e telhas
de barro,
protegido do luar
brisa e estrelas,
um menino...
Finge estar adormecido,
mas escuta...
os gritos dos ciganos.
Denize Domingos
Denize Domingos
Desenho em grafite/DD
Homenagem a Santa Sara Kali
Labaredas
Livre,
um coração cigano
torna-se cativo,
sem que usem
trancas e travas.
Inesperada,
Instala-se a paixão dentro dele,
invadindo-o por todos os poros.
Indomável,
não pertence a quem junto dele vive.
É possível viver para sempre ao lado de alguém
que traz no peito um coração cigano,
aquecendo-se no calor de suas chamas.
Mas quem viola um coração cigano,
tentando arrancar de dentro dele
uma paixão inesperada,
não consegue
um coração cigano
torna-se cativo,
sem que usem
trancas e travas.
Inesperada,
Instala-se a paixão dentro dele,
invadindo-o por todos os poros.
Indomável,
não pertence a quem junto dele vive.
É possível viver para sempre ao lado de alguém
que traz no peito um coração cigano,
aquecendo-se no calor de suas chamas.
Mas quem viola um coração cigano,
tentando arrancar de dentro dele
uma paixão inesperada,
não consegue
penetrá-lo por nem um segundo.
DD
Desenho em Grafite/ DD
Espere Por Mim Morena
Laços de Ternura
Pintura em Óleo sobre tela
Denize Domingos
Laços de ternura
Os
laços que nos unem
serão
sempre de ternura.
As
amarras que te prendem e PROTEGEM
terão
sempre
lindos
ramalhetes,
se
desfarão com o tempo,
sob
a brisa
de
cada tua primavera.
Jogue
fora os inços e mágoas
guarde
apenas o perfume e as flores,
porque
os laços que nos unem
serão
sempre de ternura,
como
o sagrado e eterno
amor
de mãe.
DD
Amanhã é 23
Kid Abelha
Ananda
Sinto-me
culpada
por
dar tanta importância ao meu trabalho
e
não ter te dado um irmãozinho,
minha
única filha.
Mas
como seria
se
Van Gogh não tivesse vendido
um
único quadro,
se
Da Vinci pintasse duas Mona Lisas?
Seria
possível realizar dois sonhos,
duas
alegrias?
Outra
sementinha
perfeita
e genuína!
Serias
tu,
pequenina,
maior
razão da minha vida!
DD
Anjo e Aromas
Óleo sobre tela
Denize Domingos
Anjo Rebelde
Anjo
sem asas
Sem
rumo ou destino
Vôos
rasantes
Queda
livre
De
cima dos saltos
Anjo
travesso
Iluminado
Por
luzes de neon
Sufocado
em desejos
Afogado
em nuvens
De
poluição
DD
Anjo da Noite
Óleo Sobre Tela
Denize Domingos
A Noite
Ivan Lins
Nostalgia
Dança sem par
lua sem mel
Estrela cadente...
Tudo é tão triste
Antes de um louco
Transformar
Tristeza
em
poesia
DD
Sombras
Prefiro as noites frias
Os caminhos mais suaves
Molhados de sereno.
Só ando pelas sombras
Perseguindo o vulto de um fantasma
Que enciste em me assustar.
A noite me ilumina
Com o brilho das estrelas
Meu destino é ser feliz.
DD
Imagem de algum blog
Despertar
Enalteço a morte
como única certeza da minha vida
Rezo a vocês
Seres que não conheço
Mas precinto!
Espero sem presa
E sem medo
Quando um anjo safado
Há de beijar-me
os lábios frios
Mas ainda sedentos
Por um eterno beijo de amor...
Titãns
Enquanto houver Sol
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