Alinhavando pensamentos
... E falando um pouquinho da difícil arte do patchwork
Meu presente de natal, retalhinhos de mim para todos.
Projeto Conhecendo Gravataí através das Lendas
Amores, esta é a ultima postagem do ano, e sei que vocês ainda não conhecem meu trabalho. Mas espero que um dia esta cena seja realidade: ser espiada por olhinhos inocentes e curiosos, brilhando feito vaga-lumes. Estou abrindo caminhos para chegar até vocês, através das minhas histórias , alinhavando sonhos , costurados com esperança e carinho no coração de cada um. Desejo que sejam para mim e para o mundo, pedacinhos especiais, alegres e coloridos, fazendo parte desta grande colcha de retalhos que vocês continuarão sempre completando, substituindo ou unindo novas partes. E como um patchwork da vida, serão retalhos individuais, agrupados lado a lado, acomodados em diferentes cores e tecidos, compondo dinâmicas imagens. Algumas figuras harmoniosas, permanecerão unidas, outras, provisórias, serão substituídas no decorrer do tempo que transcende o imutável. Formas incompletas, estarão integradas as demais, destoando do conjunto, tocando com nostalgia quem lembrar do vestido marcado em momento especial, do qual uma parte de tecido se desmembrou. Este trabalho de unir, remendar e substituir pedacinhos, é como a arte da vida: Depende da habilidade de cada um, e a cada novo dia será feito mais uma parte. Podendo sofrer danos, ser rasgada, manchada... A tarefa ponto a ponto, as vezes sera exaustiva. Agulhas quebradas, dedos machucados, fios de linha arrebentados, pelo próprio descuido ou maldade alheia. Eternos recomeços ! Mas a cada ponto alinhavado, teremos mais destreza e segurança. Se não estivermos sozinhas, o trabalho será mais leve, tornando-se agradável e prazeroso. E sendo grande o bastante, a colcha agasalhará a todos, nem um inverno sera tão frio e nas tardes quentes de verão, ela poderá ser usada como uma enorme tenda cigana.
Utilizar retalhos, emendando pedacinhos, é uma atividade milenarmente conhecida. Em diferentes épocas, terá sempre alguém praticando esta arte.
O movimento hippie entrou na minha vida pela tela da TV, quando eu era ainda criança. As noticias da guerra no Vietnã, mortes, bomba atômica mescladas com movimentos pacifistas, ideais de liberdade, igualdade.., propagadas em lindas canções, me faziam pensar que nada daquilo fosse real. Eu não conseguia acreditar que de um lado, pessoas se matavam, outras, viviam um encantado sonho coletivo. Eu queria saber se eles existiam de verdade. Minha irmã mais velha me xingava, dizia que eu era burra. Nos anos 70, com treze anos fui numa feira de artesanato, conheci um pedacinho de um universo mágico, com todas as portas abertas. Fiquei a tarde inteira conversando. Desejei fazer parte daquele mundo paz e amor. Perguntei se eu podia entrar. Me responderam que meu sorriso era a minha senha.
Neste natal e enquanto durar a humanidade, espero que todos os desejos bons se realizem, os sonhos de paz , amor fraternal, se transformem num sonho coletivo e que ele nunca acabe.
Neste natal e enquanto durar a humanidade, espero que todos os desejos bons se realizem, os sonhos de paz , amor fraternal, se transformem num sonho coletivo e que ele nunca acabe.
Nesta máquina de costura, nunca alinhavei pensamentos, lembro de uma mais antiga. Ouvia o barulho dos pedais rangendo, enquanto uma irmãzinha pedalava e outra contava belas histórias .
Este é parte do meu universo, vinde a mim oh criancinhas!
Denize Domingos